Mestre de cerimónias - Parte I
Protocolo de Casamento by Sofia Oliveira
Como seria de esperar, esta coisa do protocolo varia muito dependendo se estamos a tratar de uma cerimónia no civil ou na igreja. De igual forma, a indumentária varia dependendo da hora do dia.
Serve o presente documento para instruir os noivos Ana e Miguel na arte de bem casar, visto que até ao momento nenhum dos dois foi capaz de o fazer decentemente.
Convem referir que tratando-se dos noivos em causa, todos os procedimentos têm de ficar devidamente documentados e a probabilidade de nenhum deles ser seguido é quase certa.
A primeira questão que se coloca é que tipo de cerimónia se trata. Pois, logo aqui começam os problemas sendo que a única coisa certa é que não será na Igreja. Trata-se, portanto, de um casamento civil mas ainda não há, até ao momento, qualquer indicação de quem será o celembrante.
Horas da cerimónia. Nem neste capítulo os noivos facilitaram a minha tarefa. O encontro é às 15h30 o que me levaria a indicar um tipo de indumentária. Mas, na realidade, a cerimónia propriamente dita só tem início às 16h30. Daí que seja necessário considerar a dita cuja (a cerimónia) como nocturna e assim estamos a falar de smoking e vestido comprido. Não gostaria neste ponto de restringir o smoking aos homens e o vestido comprido às mulheres porque ... enfim ...
Não há altar mas haverá a mesa da cerimónia. É crucial a noiva ser levada (mesmo que seja levada pelos cabelos) pelo pai até ao noivo. Neste caso, o pai da noiva dará o lado esquerdo à noiva. Ao entregar a noiva, o pai da noiva deverá cumprimentar o noivo (caso contrário até parece que não se gramam). Da mesma forma, enquanto ainda estão a salvo do matrimónio a noiva ficará à esquerda do noivo. Situação esta que se inverte após o caldo entornado (o noivo passa a dar a direita à noiva).
As testemunhas da noiva, os familiares próximos (tipo 5 cm de proximidade) ficarão sentados do lado da noiva logo na primeira fila de cadeiras . Os restantes convidados da noiva ficam também do lado da noiva mas nunca na fila da frente (mais faltava). Do lado do noivo será caso igual. Os indecisos e os penetras ficam atrás em pé que é para não serem toscos.
Passemos então ao que interessa, a festança. Não tendo ainda muito informação (o que sendo eu mestre de cerimónia transforma a minha tarefa numa comédia) vou assumir que há quem se sente e se não se sentam são tolos porque não dá jeito nenhum comer de pé.
Na preparação de um casamento, a dor de cabeça é, sem qualquer sombra de dúvida, o sentar dos convidados. É necessário juntar 8 ou 10 pessoas na mesma mesa e, já agora, tentar que seja a melhor combinação possível. É claro que é sempre possível não haver lugares marcados mas isso deixa os convidados numa posição muito desagradável e não é nada simpático. É importante sentar as pessoas de mais idade longe do sítio onde possa haver barulho (tipo colunas de som), não queremos incomodar os convidados.
As mesas podem ser de 8 ou 10 pessoas (12 já me parece uma multidão esfomeada). Na mesa dos noivos sentam-se os noivos (não por muito tempo), as testemunhas e os pais dos noivos (estes últimos são opcionais). As mesas deverão ter o centro de mesa mas que este não seja uma coisa exagerada, é sempre agradável conseguir ver a pessoa que se senta à nossa frente. Também é importante que cada lugar tenha a ementa, até porque os convidados gostam de levar isso como recordação (e evita a tal da recordação que falarei mais à frente)
O jantar deverá ser constituído por três pratos. Nunca uma sopa (que é de pobre) mas sim um creme, seguido do prato de peixe e depois o de carne. Não deverá ser muito pesado porque depois ninguém se quer levantar para dançar. Será servido um doce, de preferência um doce gelado.
Paralelamente será montada a mesa dos doces e a mesa dos queijos. A mesa dos camarões montados uns em cima dos outros é totalmente dispensável, até porque depois fica toda a gente com as mãos a cheirar a camarão e é muito desagradável.
De notar que apesar dos noivos terem feito uma maratona na manhã do casamento (dispenso aqui os pormenores da mesma), têm de continuar a dar aos pezinhos e passar em todas as mesas para distribuir charme. É opcional o terem para oferecer uma lembrança, eu não sou apologista da mesma, o pessoal janta à borla e diverte-se e ainda leva presente para casa, parece-me demasiado.
É interessante que o casamento tenha um tema, no caso presente terá de ser qualquer coisa relacionada com mar. Consoante o tema assim as mesas terão nomes. À entrada da sala de jantar ficará exposto um quadro com a disposição das mesas e os respectivos inquilinos.
Música. Durante a refeição a haver música esta deverá ser calma e a uns decíbeis muito baixos. O bailarico será aberto com a dança da noiva com o pai e logo a seguir o noivo entra na pista com a mãe da noiva e de seguida os pais do noivo também vão rodopiar. Ainda durante a primeira dança (que convém ser um pouco mais comprida para que estas trocas todas possam ocorrer) o noivo passa a dançar com a noiva, passando o pai da noiva a dançar com a mãe da noiva.
Fotografias. Tratando-se de um casamento num barco dispensa-se a malfadada seca das fotografias no jardim. Por norma os fotógrafos irão a casa do noivo e depois da noiva e depois fotografam a cerimónia. Minha opinião é esquecer isto tudo, é uma seca e é sempre tudo igual. Se contratarem fotografos imponham a regra de “fotografem tudo o que mexe”. Se não quiserem contratar fotógrafos convençam amigos e familiares a levarem as câmaras digitais (toda a gente tem uma máquina) e no fim consegue-se uma boa colecção de figuras tristes ... ou não ... ou não.
Fim da cerimónia. Os noivos não têm de ficar para o fim mas sendo que estão num barco também não me parece que saiam a nado. Os noivos ficaram até ao fim com os fatos de casamento (smoking no caso do noivo, como já apontei no início) e antes de sairem vão trocar de fato para algo mais confortável. O chamado fato de saída. Os noivos podem ir juntos trocar o fato mas mais de 20 minutos já pode ser considerado sexo e preliminar à noite de núpcias.
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